Posts no blog por Carlos Ernesto Prokisch

Este é possivelmente um post banal, sobre um assunto sobejamente conhecido. Mas sê-lo-á apenas devido à minha fraca capacidade de expressão, não ao sentimento que nele ponho, e muito menos ao tema em si. "Vim trazer espada e não a paz", é das declarações de Jesus de Nazaré que permanecem envoltas em polemica. Allan Kardec, na sua obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, explica a interpretação que o Espiritismo faz dessa máxima, e que para nós é cristalina - não podemos conceber Jesus, impressionante na sua sabedoria e amor ao próximo, a ordenar chacinas ou sequer a acicatar confrontos. A espada, a luta a que Jesus se referia, teria que ser pois uma luta moral, não uma luta física e violenta. Passados dois mil anos da passagem do Mestre por este mundo, a controvérsia à volta dos seus ensinamentos persiste. Quem o visse, naquele tempo, modesto jovem da Galileia, pregador itinerante e tido por muitos como louco, não imaginaria decerto o impacto que viria a ter. Passados dois mil anos, lamentavelmente, muitos que se dizem seguidores de Jesus dão o péssimo exemplo de se esgadanharem por causa de questões teológicas que se prendem com a interpretação dos seus ensinamentos. Uns criaram um Jesus à medida dos seus interesses. Outros das suas limitações de entendimento. Outros ambas as coisas. E empenham-se em perseguir todos os outros que não concordam. O cerne da mensagem de Jesus, antes de se escrever ou dizer, sente-se. Conseguiremos conceber um Jesus que transmita outros sentimentos que não o amor a Deus e ao próximo? Claro que não! Não faz sentido, por isso, trocar o essencial (o Amor), pelo acessório (as questões teológicas). "Os meus discípulos conhecer-se-ão por muito se amarem" - disse Jesus. Que também nos exortou a amar até os inimigos! Ora se os inimigos merecem amor da nossa parte (traduzido em compreensão e tolerância, enquanto a afinidade não chega), porquê as refregas, porquê os anátemas, porquê a convicção de só os que pensam Jesus de certa forma, estão com a Razão e na graça de Deus? A paz entre os cristãos chegará quando todos embainharem essa irritante espada. Isso, mais que a interpretação "certa" do que Jesus terá dito, definirá um verdadeiro cristão. Jesus avisou-nos da espada, mas esta não tem que durar para sempre. Em Blog EspíritaVer mais...